Aqui estamos no alto de um mirante, com a noite e a sua escuridão a pleno vapor, no pleno inverno da cidade litorânea mais famosa e colorida da costa Pacífica do Chile é que este momento de descontração de fim de semana foi registrado.

O nome dela é Valparaíso, que como o próprio nome insinua, é um Vale do Paraíso, com seus morros ininterruptos criando as famosas ladeiras de cidades portuárias da região. Por outro lado, para os nativos da região mais conhecidos como mapuches, este lugarzinho também pode ser denominado como terra arrasada em alusão aos incêndios frequentes que ali já ocorreram.

E claro que esta cidade é uma sobrevivente de catástrofes, como um dos terremotos mais avassaladores que já ocorreram no planeta, com uma magnitude de 8,7 que simplesmente fez com que a construção dos imóveis fossem feitos novamente do zero.

A partir de um desses imóveis icônicos, no pé da região central Bohemia de Valparaíso, que temos essa visão colorida, inigualável e de tirar o fôlego antes de comer uma deliciosa Chorrillana acompanhada de um clássico pitcher com uma bela canção enaltecendo este lugar:

Quando a faca boceja
Valparaíso
com seu sarcasmo gentil
quando suas casas se aglomeram
Valparaíso
piscam os olhos para o mar
eu sinto um país
descubro que sou
quando a ferida me obriga a acordar
Valparaíso.

Quando a porta se fecha
Valparaíso
por trás do beijo feroz
e amantes naufrágio
Valparaíso
com tanta dúvida de ser
há tantas estações
procurando um trem
que leva ao mesmo que nunca chegará
Valparaíso.

Valparaíso
onde você irá
em que escuridão você vai se esconder
em que naufrágio antigo secreto
em que canto profundo do vinho
Valparaíso
como vidro quebrado
você encontrará
invernos cortantes sob as docas
Valparaíso.

Quando a terra acordar
Valparaíso
carregando o diabo na pele
e alegremente começa sua dança
Valparaíso
vertiginoso e brutal
há tantos pedreiros
disposto a ritual
do andaime erguido novamente
Valparaíso.

A gratidão de poder viver esta maravilha genuinamente gratuita é amplificada quando o registro realizado nos permite pós-gostar ou pós-reviver (pedindo a devida licença poética para escrever essas expressões) por gerações e gerações. Contemplem…